segunda-feira, 20 de dezembro de 2010


Introdução

Este blog é fruto do trabalho sobre A rotina da mulher operária, como parte da disciplina Identidades Culturais da Pós-Modernidade, orientado pela Professora Doutora Vilma Mota Quintela. O objetivo deste trabalho é investigar a vida da mulher operária na interface do cotidiano doméstico e do trabalho, e no que estes fatores interferem em sua construção identitária.
Para a produção deste trabalho, foi realizada uma pesquisa de campo com  Marize Pessoa, operária da Fábrica D’ Flower situada no Distrito Industrial de Carmópolis/Se.
Foram coletadas informações por meio de questionário e observações, bem como a compreensão do referido assunto através de pesquisas bibliográficas. Verificamos que mesmo submetida a condições estafantes, privando-se de tempo para dedicar a si própria e a família, afirma gostar do trabalho, pois por ele consegue manter-se e custear sua formação acadêmica. Sendo assim, conclui-se que estes fatores interferem na construção identitária da mulher. Contudo, finalizamos este trabalho com uma visão mais ampla sobre a mulher, sua identidade, seu papel na sociedade e sua realidade no trabalho.



A identidade da mulher operária


Foi notório nesta pesquisa realizada, que a identidade da operária Marize está em construção. Entendemos, portanto, que permanecem os conflitos internos. No entanto vem ocorrendo novas reflexões, tornando-se flexível  a construção de sua identidade, seus valores, suas perspectivas de vida.
Diante da pesquisa realizada, coleta de dados, acompanhamento do dia da operária Marize, reflexões, e depoimento colhido, constatamos que a rotina da mulher operária está para alem de oito horas diária e para além da fábrica; pois diante da tripla jornada que esta desempenha (jornada de trabalho, tarefas domésticas e estudos) não dispõem de tempo para cuidar de si, não tem lazer, e vive em constante cansaço físico e mental.
Essa realidade  não apenas retrata a vida dessa operária, mas retrata a realidade de um  povo que vive em um país em desenvolvimento, com baixo nível socioeconômico e grau inferior de escolaridade que implica no desenvolvimento de atividades remuneradas de pouca qualificação e prestígio social. Ficou evidente que, ao ocupar um posto no mercado de trabalho, a  mulher operária negocia sua força de trabalho em troca de um baixo salário que determina sua capacidade de consumo e consequentemente seu modo de vida, sua identidade.



A questão identitária

A identidade de cada sujeito é formada no interagir, entre ele e a sociedade. O sujeito não tendo uma identidade estável se torna fragmentado, dividido entre várias identidades transitórias, esse processo produz o sujeito pós-moderno, sem uma identidade fixa. Contudo, estamos constantemente aprendendo sobre o que somos, o que gostamos, o que estamos nos tornando e o que podemos fazer enquanto indivíduo, e isso ao mesmo tempo é o que torna a nossa cultura “singular”, a qual nos possibilita construir uma identidade a partir da interação com o outro, com a sociedade. (Hall, 1991)
Foi notório nesta pesquisa realizada, que a identidade da operária Marize está em construção. Entre conflitos internos, reflexões e falta de lazer, ela percorre o caminho que lhe foi possibilitado.
Entendemos, portanto, que permanecem os conflitos internos. No entanto vem ocorrendo novas reflexões, tornando-se flexível a construção de sua identidade, seus valores, suas perspectivas de vida. “Hoje, à medida que as fronteiras entre papéis tornam-se muito mais fluidas, a identidade de homens e mulheres também se tornou mais flexível e aberta à mudança.” (Muraro, 2001, p.18).




Fotos da pesquisa de campo com a operária Marize Pessoa, 20 anos, na Fábrica de lingerie 
D' Flower- Carmópolis-Se
7:00 h- chegada ao trabalho: hora de  produzir..........



10:00 h-  pausa para intervalo- aproveitando para responder o questionário

 10:15 h- Volta ao trabalho- mais produção





Nosso Trabalho teve por finalidade abordar a vida da mulher operária na interface do cotidiano doméstico e do trabalho na fábrica. A mulher e a industrialização: Percebe-se que é uma questão tradicional, as mulheres sempre trabalharam mais que os homens, ganhando menos e obtendo menos privilégios e direitos legais e também sempre tiveram dupla ou tripla jornada. Mas o papel da mulher tem sofrido alterações em nossa sociedade, conquistas e mudanças que marcaram a história da mulher começaram com os movimentos feministas, com o questionamento sobre os tradicionais papéis de mãe, e esposa, bem como os direitos da mulher enquanto trabalhadora. A mulher cada vez mais adentra no mundo que antes era prevalecido pelos homens, e se firma como profissional, mesmo que assuma as funções tradicionais de mãe e esposa, mostram que podem atuar em duplas ou triplas jornadas. Foi durante a Idade Média que elas começaram a questionar a condição da mulher. Depois da Revolução francesa, as mulheres constituíram quase a metade das massas operárias do século XIX. Naquela época eram comuns jornadas de quatorze a quinze horas diárias de trabalhos, e também o trabalho de crianças e grávidas. As desigualdades eram gritantes, as mulheres ganhavam um terço do que ganhavam os homens. Mas conquistas importantes foram obtidas, depois de muitos questionamentos, sofrimentos e punições. O movimento feminista foi tomando corpo, com o ímpeto de lutar pelo direito ao voto, à educação e melhores oportunidades de trabalho. Esses movimentos trouxeram punições diversas, como também mortes. A exemplo disso foi o que aconteceu no dia 8 de março de 1908, dia em que cento e cinqüenta mulheres foram trancadas por seus patrões dentro de uma fábrica e queimadas vivas, por reivindicarem melhores salários e menor jornada de trabalho. Por isso, hoje o Dia Internacional da Mulher é celebrado nesse mesmo dia 08 de março, em homenagem a essas mulheres questionadoras, valentes e justas em suas ideologias. O objetivo deste trabalho é investigar a vida da mulher operária na interface do cotidiano doméstico e do trabalho, e no que estes fatores interferem em sua construção identitária. Para a produção deste trabalho, foi realizada uma pesquisa de campo com uma operária da Fábrica D’ Flower situada no Distrito Industrial de Carmópolis/Se. Foram coletadas informações por meio de questionário e observações, bem como a compreensão do referido assunto através de pesquisas bibliográficas. Verificou-se que mesmo submetida a condições estafantes, privando-se de tempo para dedicar a si própria e a família, afirma gostar do trabalho, pois por ele consegue manter-se e custear sua formação acadêmica. Sendo assim, conclui-se que estes fatores interferem na construção identitária da mulher.